quarta-feira, 28 de julho de 2010

O choro

, uma merda.
O olho arde, o nariz não pára de escorrer, as vias aéreas ficam entupidas e cara fica pior que o meu omelete mal-sucedido.
É claro que o choro é consequencia do sentimento: bom ou ruim, ele é o estopim do coração. Vontade de chorar é uma bacia cheia carregada por um bêbado.
Me intriga, porém, o porquê do olho. Venham lá as explicações científicas, mas sou uma pessoa - como diz a minha velha e boa antropologia - antes qualitativa que quantitativa. Careço de subjetividade e de inexatidez. De uma explicação que não procede e vem de lugar algum.
O olho, enfim.
Talvez porque veja.
Ver é um privilégio tão grande para umas simples bolinhas gelatinosas, que merece suas consequências. Parece-me que cada parte do corpo recebeu seu dom e sua maldição. Como fosse o cérebro um grande feiticeiro e determinasse as ordens: " unhas! Serão pintadas, porém encravadas; seios! Darão leite, mas cairão; olhos! Verão todas as coisas que puderem, mas de vocês jorrará água! Vai arder! O nariz também vai sofrer! E a culpa é do coração!"

A história é pra eu distrair do choro (afinal, os cegos também choram...). Mas o corpo sabe, desde sempre, porquê chora.
O neném chora querendo peito. A gente chora querendo leito.
Depois, a gente dorme de cansaço...saciados ou em cacos.


Penso? Ok.
Existo? Tenho dúvidas.