quarta-feira, 29 de julho de 2009

de mínima em mínima, o compasso enche a partitura.

Cresci ouvindo meus pais fazendo música. Felizes.
Minha primeira influência direta, fato.

Quando eu ia carregada às serestas dos coroas, criança, achava um saco. Ficava por ali brincando, roubando comida de vez em quando, ou com a mão no queixo, entediada. Mas eu sempre parava quando eles abriam o livrão e começavam com "Andança", "Boemia", "Carinhoso". Meu pai conversando com o violão, cantando seu baixo profundo que contrastava com minha sopraníssima mãe. Eu prestava atenção e vidrava. Eu amava cada movimento deles e adorava ver aqueles sorrisos à volta. Cantarolava baixo as músicas antigas (preciosas, como eu vim entender mais tarde), que eu já sabia de cor e salteado.

Da mesma forma, eles estavam desse jeito, cantando, juntos, na seresta, na missa ou no sofá de casa. E por quantas vezes já me fizeram marejar os olhos de emoção.

Hoje eu sei compartilhar essa felicidade, porque eu entendo e sinto.
É tão bom viver o céu dentro de casa!

(Super providencialmente, hoje é aniversário dele: parabéns pela vida, pai!)

Agora eu sei do que eu vou sentir mais falta quando eu me mudar: de uma segunda-feira à noite qualquer, preguiçosa, embalada pelos meus anjos; dessa felicidade gratuita, cúmplice e que não necessita explicações.



sábado, 25 de julho de 2009

Vermelho Escarlate

Começa com dor, uma dor pontiaguda, que incomoda mais que dói. Em seguida os peitos doem, a barriga incha. Daí vem o estresse, a raiva, "VAI TOMAR NO CU". Isso é até o segundo dia. No terceiro dia é a melancolia. Aí eu choro, às vezes. Eu odeio chorar. Mas eu tomo cerveja e como chocolate, muito chocolate. E engordo. Ontem eu gritei com a cara no travesseiro. Merda, vazou. Amanhã eu já tô legal. Depois de amanhã acabou.

Menstruação é foda.

sábado, 11 de julho de 2009

Cabelo raspadinho, estilo Ronaldinho.

Na frente da minha casa tem um salão de "beleza". Vez em quando fico observando aquele lugar, cheio. Um entra e sai de mulheres, geralmente com as mesmas roupas, falando dos mesmos assuntos, lendo as mesmas revistas. Nas poucas vezes em que eu entrei ali, me senti sufocada pelos olhares abismados/espantados/desejosos/sedentos por corte no meu cabelo, ou sufocada pelo cheiro de formol.
Nada contra cuidar do visual. Acho até bacana, um trato aqui, outro acolá. Mulher é vaidosa por natureza e precisa desses tipos de cuidado. Mas daí a ficar obcecada por pagar uma fortuna com escova de chocolate, marroquina, carabina, estriquinina, por um puxa-puxa de raíz, por um bife sangrando...isso é tortura! É demais pra minha cabeça.
Prefiro continuar com meus frizz, com meus cantinhos de unha sujos, gastar dinheiro com chocolate de comer, e deixar pra sofrer só as dores inevitáveis.
É hora de abolir outras escravidões.

Um brinde à natureza humana, tão bela por si só!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Ok, here we go.


Estranha. Assim me denominaram

outro dia.
Pensei sobre isso.
Se minha estranheza, segundo

apontaram, implica em ser oculta, na

escolha de não me fazer saber aos

outros, ah, eu gosto de ser

estranha. É nesse descobrimento que

está a graça da estranheza.

Sinto-me, por vezes estranha, por

não conseguir botar mais nas

palavras o que minha boca quer dizer

e por não conseguir botar na boca o

que minha cabeça pensa.
Mas talvez isso seja fruto do pensar

demais. Tentar tornar o inconsciente

coisa consciente. Aí a confusão que

se cria é mais viva na linha tênue da

racionalidade com a sensibilidade.

Me atrevo a tentar explicar,

ordenadamente, mas vejo não

carecer explicação. Saber do que

penso, por enquanto, é o suficiente.

Mostrar isso aos outros, já é outra

história.

Conhecer-me "estranha", me

tranquiliza: sofro de tudo, menos de

normalidade.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

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O grau de intimidade em qualquer relação é facilmente testado pelo silêncio: o quanto ele incomoda?