sexta-feira, 25 de março de 2011

Tudo certo, como dois e dois são cinco.



Não concentro-me. Imagino ser o motivo um único copo de água que ingeri no dia. Queria que o fosse. Não posso render-me à vil aceitação do fatos. Pois fato é que as mudanças estão ocorrendo, bem na frente de meu nariz, com a ligeireza de uma formiga cansada da labuta, apressada para bater o ponto. É a casa 6, com seus inúmeros segredos e manchas de esmalte no chão, que não mais me pertence e um tabernáculo de idéais que insiste em se profanar.
Tinha que ater-me às considerações banais. Nas considerações banais, habita toda a frivolidade e maciez. Era disso que precisava. Uma boa dose de teatralidade, creme de cabelo e House. Uma cerveja gelada contém a quantidade substancial necessária para suprir um dia insoso. É tão bom pairar sobre uma conversa confortável sobre o tempo, sexo ou televisão. Permiti ao meu ego elogios alheios e confissões passageiras.
Mas, não adianta. Não há jeito fácil de escapar do cabelo ressecado, do xixi concentrado, da monotonia parada ao lado e do ócio latente. Dá pra escapar encarando. E, apesar de encarar um rosto cheio de orelhas no espelho ser tarefa torturante, eu sou mulher o suficiente pra quebrar o vidro ou ignorá-lo, feito macho.
Queria comer mil maçãs, pra encher meu estômago de "ácido" e enganar a fome, de cinco em cinco minutos, mas a praticidade não resulta na satisfação e sim, mais estatiticamente, na frustação. Por isso, prefiro cozinhar meu feijão fora da validade e correr os ricos de um estômago pesado.
É melhor assim. Fugir da insônia nada mais é do que acovardar-se num sono mentirinha. Escolhi brincar com ela, dizendo: "olha, eu sei escrever!"
E por aí, entre noites mal dormidas e risos forçados, eu vou compondo uma melodia. Mesmo. Qualquer hora eu mostro pra vocês. Nessas situações, cantar é meu melhor remédio, ainda que meu passarinho ande tão calado...

E chega de lamentações. Reclamar é muito chato!
Eu sou feliz pra cacete!