terça-feira, 17 de novembro de 2009

Vontades

Eu adoro conversar.
A troca de informações, de questionamentos, de concordâncias; o diálogo de olhares, gestos, sorrisos é uma coisa que me fascina. Durante toda a vida, a gente molda uma série de signos que definem nossa personalidade, mas que adquirimos com todas as outras pessoas que passam por nós; sou uma planaridade em processo (eterno) de acabamento, formada por vários fragmentos. Somos assim. É necessário que a gente se comunique pra se recriar.
Eu adoro ficar em silêncio.
É nos silêncios que nos encontramos mais sinceramente. É na falta de fala que a gente planeja o que vai falar, porque a cabeça nunca pára de pensar.
Algumas pessoas não entendem isso e questionam o porquê do silêncio e eu não sei explicar, porque...preciso estar em silêncio. Preciso não saber dizer, preciso estar na etapa da construção. Não sou menos feliz por não sorrir quando não quero, por não conversar.
Sou aprendiz.
E é exatamente por isso que eu vivo em contradição. Isso é o que eu já sei.
O resto eu vou aprender devagarinho. Entre a tagarelice e a mudez.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Qualquer palavra para um título.


Fiz e refiz várias frases para começar esse post.
Tentei começar falando do meu sumiço, não gostei do que li. Depois, da internet lenta...vi que não era um bom começo para um post. Enfim, cheguei à conclusão que desaprendi a usar isso aqui! Falta de prática é uma merda. Não sei ser mais internauta de carteirinha. haha
O que eu tava com vontade mesmo, era de jogar umas palavras aqui, à esmo, sem (pseudo)intelectualidade; do jeito que elas aparecem na cabeça e vão ficando na tela pelos dedos ligeiros.
Tô bolada. É isso aí. Quero ter aula! Tem mais de um mês que eu não vejo a cara do professor de Teorias da Cultura (nem sei mais como o viado é). Aí, por mais irônico que pareça, não tá dando tempo de fazer os trabalhos que aparecem...ai ai, ridículo. (desculpa, viado foi a primeira palavra que veio).

Melancolias, chatices e reclamações à parte...eis que o Cara lá de cima me presenteia com essa gente do bem que tá me cercando! Muita pessoa que sou eu: são meus espelhos (planos ou côncavos); minhas mariolas mordidas; meus pedaços de nuvem...essas coisas que me fazem sorrir facilmente.
Ainda e sempre sinto saudade de muita gente. Tô aprendendo a lidar melhor com isso. Isso, da saudade. É inevitável e vital pro reecontro. A gente acaba administrando.

Também tô trabalhando a noite como garçonete em Cabo Frio. Que desgaste! Que diversão! Mais gente rara, muitos pedidos de casamento e experiência pra lista.
São essas coisas aí que nego diz que não tem preço...bem, no meu caso tem. 3,15 de passagem. Té que tá barato pra felicidade que eu ganho em dobro e com hora extra!


Foto minha e do Tom. Conversa espontânea. Meu mais novo irmão.
E agora que eu to com muito sono, depois de um dia cansativo, vou dormir pra ir pro Sana
amanhã...já que não tenho aula, eu tenho que aproveitar! haha



Esbarrei nas esquinas das minhas emoções
Com os pés atados na consciência
Acabei tropeçando, soluçando, empacotando
Todas as partes de mim
Que teimavam em exigir autonomia

Meus fragmentos me dominaram
E quando eu vi
Estava composta de restos:
Pedacinhos de minh'alma
Que se encontraram
E elaboraram no obscuro
Um jeito de me domar.

Arrebataram-me sem dó
E do medo da confusão
Eu não soube nem pensar.
Dei-me conta da bagunça
Aceitei, enfim
Quando eu vi
Que era o que de mais organizado
Havia em mim.

W. 04/11. Madruga.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

a novidade veio dar na praia!

Depois de um longo e tenebroso perrengue, aqui estou!
Rio das Ostras enfim chegou e saiu invadindo as minhas portas sem muito pudor, trazendo vários pássaros, pessoas e água do mar.
Penso sempre em muita coisa pra dizer, mas aí vem uma pequena misturinha de preguiça, reserva e dificuldade de colocar nas palavras o que acontece na cachola.
Aí, little friends, limito-me a INFORMAR-LHES (tô aprendendo na faculdade, Alexandre), que estou - adaptavelmente - feliz, surpresa e curiosa pro que tá acontecendo. Moro do lado da praia e isso me aproxima de muita coisa querida: coisas e pessoas.

Tenho sentido mais fome que nunca, para a surpresa dos meus convivas, e acho que vou acabar engordando! A culpa é do meu veteramigo Alô, que me indus à gula. Eu não consigo parar, alguém me ajuda, por favor.

Produção Cultural é de um encanto que...sei lá.
Obrigada, Ti, por falar da poesia. Eu nunca esqueço dela e acabo esbarrando contigo quando eu lembro: sempre.

Num é que neguinho já tá me sondando pra botar o gogó no mundo? Rapeize...
Quero palco, quero palco! Música e Cena!

Antes de ir embora, visita o blog do grupo? Tá bonito e pincelado de coisa nova.

Tô aí, olhando, porque a boca...ah, essa ainda não sabe contar!
Até!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

foi afim o fim de femana

Jack sendo "medusida"


Ficar de máscara na cara era curioso pra mim até sexta, quando passou a ser irritante - já que respirar pelo nariz era impossível e a boca estava abafada.
"Sinusite", ela me disse. A novidade veio com muitos remédios (nem tão novo assim). Mas isso é papo hipocondríaco, eu já tô melhor. O triste é ver o alarido da humanidade por uma coisa que ela mesma criou...

Sábado eu consegui a experiência mais traumatizante do ano: andei de kart. Sou ruim e fraca - o volante é muito duro! Tive que virar com as duas mãos por várias vezes. Além de correr com gente que já sabia, bater 3019357387875430984 vezes nos pneus, concedi o primeiro atropelamento do cara que ficava na pista! Definitivamente, os 15 minutos mais longos e torturantes da minha vida.
Isso não quer dizer que eu nunca mais volte lá.

No domingo, sorrisos do pai, histórias e almoço com a casa. Mais tarde, me rendi a dry beach com as meninas e Jeff. Não consegui abrir o olho pra tirar foto e o cabelo sempre teve vida própria, eu disse.
Foi bom. Precisava do sol no meu rosto e do mar, pra desentupir os póros e a alma.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

de mínima em mínima, o compasso enche a partitura.

Cresci ouvindo meus pais fazendo música. Felizes.
Minha primeira influência direta, fato.

Quando eu ia carregada às serestas dos coroas, criança, achava um saco. Ficava por ali brincando, roubando comida de vez em quando, ou com a mão no queixo, entediada. Mas eu sempre parava quando eles abriam o livrão e começavam com "Andança", "Boemia", "Carinhoso". Meu pai conversando com o violão, cantando seu baixo profundo que contrastava com minha sopraníssima mãe. Eu prestava atenção e vidrava. Eu amava cada movimento deles e adorava ver aqueles sorrisos à volta. Cantarolava baixo as músicas antigas (preciosas, como eu vim entender mais tarde), que eu já sabia de cor e salteado.

Da mesma forma, eles estavam desse jeito, cantando, juntos, na seresta, na missa ou no sofá de casa. E por quantas vezes já me fizeram marejar os olhos de emoção.

Hoje eu sei compartilhar essa felicidade, porque eu entendo e sinto.
É tão bom viver o céu dentro de casa!

(Super providencialmente, hoje é aniversário dele: parabéns pela vida, pai!)

Agora eu sei do que eu vou sentir mais falta quando eu me mudar: de uma segunda-feira à noite qualquer, preguiçosa, embalada pelos meus anjos; dessa felicidade gratuita, cúmplice e que não necessita explicações.



sábado, 25 de julho de 2009

Vermelho Escarlate

Começa com dor, uma dor pontiaguda, que incomoda mais que dói. Em seguida os peitos doem, a barriga incha. Daí vem o estresse, a raiva, "VAI TOMAR NO CU". Isso é até o segundo dia. No terceiro dia é a melancolia. Aí eu choro, às vezes. Eu odeio chorar. Mas eu tomo cerveja e como chocolate, muito chocolate. E engordo. Ontem eu gritei com a cara no travesseiro. Merda, vazou. Amanhã eu já tô legal. Depois de amanhã acabou.

Menstruação é foda.

sábado, 11 de julho de 2009

Cabelo raspadinho, estilo Ronaldinho.

Na frente da minha casa tem um salão de "beleza". Vez em quando fico observando aquele lugar, cheio. Um entra e sai de mulheres, geralmente com as mesmas roupas, falando dos mesmos assuntos, lendo as mesmas revistas. Nas poucas vezes em que eu entrei ali, me senti sufocada pelos olhares abismados/espantados/desejosos/sedentos por corte no meu cabelo, ou sufocada pelo cheiro de formol.
Nada contra cuidar do visual. Acho até bacana, um trato aqui, outro acolá. Mulher é vaidosa por natureza e precisa desses tipos de cuidado. Mas daí a ficar obcecada por pagar uma fortuna com escova de chocolate, marroquina, carabina, estriquinina, por um puxa-puxa de raíz, por um bife sangrando...isso é tortura! É demais pra minha cabeça.
Prefiro continuar com meus frizz, com meus cantinhos de unha sujos, gastar dinheiro com chocolate de comer, e deixar pra sofrer só as dores inevitáveis.
É hora de abolir outras escravidões.

Um brinde à natureza humana, tão bela por si só!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Ok, here we go.


Estranha. Assim me denominaram

outro dia.
Pensei sobre isso.
Se minha estranheza, segundo

apontaram, implica em ser oculta, na

escolha de não me fazer saber aos

outros, ah, eu gosto de ser

estranha. É nesse descobrimento que

está a graça da estranheza.

Sinto-me, por vezes estranha, por

não conseguir botar mais nas

palavras o que minha boca quer dizer

e por não conseguir botar na boca o

que minha cabeça pensa.
Mas talvez isso seja fruto do pensar

demais. Tentar tornar o inconsciente

coisa consciente. Aí a confusão que

se cria é mais viva na linha tênue da

racionalidade com a sensibilidade.

Me atrevo a tentar explicar,

ordenadamente, mas vejo não

carecer explicação. Saber do que

penso, por enquanto, é o suficiente.

Mostrar isso aos outros, já é outra

história.

Conhecer-me "estranha", me

tranquiliza: sofro de tudo, menos de

normalidade.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

.

O grau de intimidade em qualquer relação é facilmente testado pelo silêncio: o quanto ele incomoda?

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Fragmentos


Acordei às 7:00h de sábado. Partimos do Rio às 13:00h . Chegamos às 16:30. O nome da cidade era Queluz, interior de Volta Redonda. A primeira impressão que tive do ambiente foi amigável. Cidade bem pequena, toda enfeitada com bandeirinhas, gente acolhedora...características próprias de interior interior (mesmo). Essa foto é do hotel onde ficamos, 20 min da cidade. Um telefone de não sei quando. A cozinheira simpática me disse que funcionava até pouco tempo atrás. Hotel fazenda. Gente mais acolhedora ainda. Que lugar bonito e tranquilo. Foi bom curtir o cansaço sem aquele zumbido no ouvido e sem uma porrada de informação (poluição) visual. Tínhamos bastante tempo até a hora do show, estávamos previstos para 1:00h. Passamos o dia entre sorrisos, passagens de tons e conversas com a cozinha. Foi bom conhecer os meus músicos. Boa gente, bons amigos. O pessoal do hotel, funcionários e hóspedes, insistiram para que saíssemos do quarto e fossemos ensaiar lá fora, pra que todo mundo ouvisse. A gente foi. Noite alegre! A madruga adentrou e lá fomos nós ao trabalho. Claudinho, o motorista: que figura! Pena ter descoberto isso um pouco tarde. Ele filmou e tirou foto do show. Ainda dançou forró comigo durante o show! hahaha. Ah, o show. Fantástico. Muita gente, superando em 120% minhas expectativas, povo animado. Me senti à vontade. Me pegava sorrindo de vez em quando. Antes de nós, uma dupla sertaneja. Norton e Norberto (ou alguma coisa assim), conhecem? O nosso show começou às 2:00, acabou 4:30. Descansamos, brincamos e conversamos no camarim por mais ou menos 10 minutos. Conheci o produtor da festa, que é também produtor do Moraes M. Gente fina, Serginho. Voltamos para o hotel com os maxilares doendo de rir, nos contorcendo na van. Jó Reis, zabumba. Comédia! Chegamos às 5:00 e ainda tava rolando festa dos hóspedes. A galera tava esperando a gente pra tocar na festa. Bêbabos, animados e insistentes, conseguiram nos convencer. Brincamos, cantamos e dançamos até às 7 da manhã. Nos despedimos daquela gente amiga e passageira, arrumamos as malas e pegamos estrada. Dormi um sono quebrado, torta e cansada na van. Chegamos no Rio às 11h. Cheguei em Araruama 13h. Comi, banhei, fui para o teatro. Mais van. Mais riso. Mais música. Tinha saudade do pessoal. Nostalgia. Chegamos em Arraial não sei que horas. Não conseguia mais processar. Teatro péssimo. Apresentação ótima. Volta. Flash de sono. Casa. Oi, cachorros. Oi, mãe. Oi, pai. Amanhã eu conto. Cama bagunçada. Pensamento antes de dormir: que cansaço feliz...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Simplicidade e Providência

Recebi a visita mais bonita, numa tarde sem sol, cortando o bife do amoço.
Ah, como ele veio elegante. Quebrando meu pensamento pragmático, arrebatando os meus sentidos. Iluminou meu dia bem dentro da cozinha. Mudou meu jeito de olhar e converteu minha face num sorriso.

Vagueou por ali durante algum tempo, com sua rapidez polida. Me ensinou alguma coisa sobre a liberdade e logo foi-se embora, voando, azul, o beija-flor.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Cultura




O girino é o peixinho do sapo/
O silêncio é o começo do papo/
O bigode é a antena do gato/
O cavalo é pasto do carrapato/


O cabrito é o cordeiro da cabra/
O pescoço é a barriga da cobra/
O leitão é um porquinho mais novo/
A galinha é um pouquinho do ovo/

O desejo é o começo do corpo/
Engordar é a tarefa do porco/
A cegonha é a girafa do ganso/
O cachorro é um lobo mais manso/



O escuro é a metade da zebra/
As raízes são as veias da seiva/
O camelo é um cavalo sem sede/
Tartaruga por dentro é parede/


O potrinho é o bezerro da égua/
A batalha é o começo da trégua/
Papagaio é um dragão miniatura/
Bactérias num meio é cultura.


Arnaldo Antunes

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Saudosismo!

A temporada tá acabando. Pensei em várias palavras pra botar aqui, que definam o que eu vou sentir (e já tô sentindo) quando acabar pra valer - mas não consigo pensar em mais nenhuma além de...saudade. Porque saudade engloba qualquer tipo de sentimento bom. Não precisa de explicação, cada um sente à sua maneira. Pra celebrar com felicidade e antecipação o sucesso generalizado desse trabalho, vai o vídeo do nosso aquecimento, antes de pisar em cena. Como disse a Dani, só gente MUITO normal.

E viva Las Postiças!


sexta-feira, 22 de maio de 2009

EV OL UÇ ÃO

Pois é. Baqueada eu tava.
Fiquei três dias definhando em casa à base de remédio, filme, livro, mais remédio e alguma comida. Preciso me alimentar direito, me agasalhar direito e queimar gordura localizada (pança). A quinta foi a segunda-feira da minha semana e começou com mamão no café e sol de meio-dia na cabeça, fazendo divulgação no sinal. Fiz algum sucesso com meus: "Boa tarde, 'Borra Charles Querido', sextas, sábados e dobingos" e bla bla bla. Duarte e Gomes não perdem a oportunidade de uma boa zuação. Es-cro-tas como só (nós).
À tarde a visita já esperada da noiva do casamento do dia 30, Lu. Agitada e falante, me contava do acidente do noivo, dias antes, com calma e sutileza. Não parecia nervosa. Portanto me atrevi a perguntar: "Tá ansiosa?". Ela disse " não", com um certeza absurdamente tranquila. Me despertou interesse curioso aquela afirmação: ela era novidade no meu "catálogo" de noivas desesperadas. Ela não era.
Escolhemos as músicas com carinho e rapidez, ela tinha pressa. Conversamos mais um pouco, acertamos horários e valores e ela decidiu que iria já no banco retirar o dinheiro para me pagar. Me convidou para ir junto; eu fui. O caminho foi agradável, de boas risadas e conversas de pôr-do-sol. Confidenciamos com facilidade - e porque não dizer felicidade - e logo chegamos ao banco. Antes de entrarmos eu disse: "Lu, se estiver apertado ou se quiser me pagar depois, quando ver o resultado, não tem problema." - disse, quase que em tom de brincadeira. Ela entrou, sacou o dinheiro, entregou em minhas mãos e sentenciou solene: "Eu confio em você."
Meu dia poderia ter encerrado por ali. Aquela frase simples mecheu comigo. Era a confiança de uma praticamente desconhecida, sendo depositada em mim. Fiquei feliz, genuinamente feliz e deixei que um sorriso natural escapasse do meu rosto, ainda um tanto incrédulo. Despedi-me dela e passei a pensar na confiança. De como o ser humano desaprendeu essa palavra, na prática. Pensei nos pontos vermelhos no meio dos cinzas; pessoas como a Lu, que ainda a depositavam nos outros, sem exiogir tempo ou provas em troca.
Foi então que eu pensei na confiança como coisa utópica e prática, existindo num tempo de purezas e evoluções.

A evolução implica no dom de se doar. Doar implica em amar, praticar a justiça e confiar, mais uma vez, nova e diferentemente.
É hora de nos doar. Despertemos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Teoria da Constipação




Odiosa e maculada
Eis a mais intrigante pena
De nossa existência carnal:

A gripe.

Converte as convencionais narinas
Em fabulosas arquiteturas mucosas
Cheias de secretas e detestáveis
Secreções


Que vão e vem
No balanço da respiração fadigada
E perpendiculam na ponta do nariz
Até o momento em que são puxadas
Com voracidade
Para dentro do crânio esmagado.

Entre fungadas que possuem o tom
Sol-sustenido-com-sétima-diminuta

Há uma pitada de raiva e desespero
Na comunicação nasalada.
A noite chega e todos os póros do corpo
Contorcem-se.


O pé bica a quina da parede
Mas descobre-se que, mesmo assim
A intrusa ainda parasita entre as entranhas.

É hora então de chorar
Aos pés do cobertor quente
E implorar incessantemente aos céus
Que a porra da constante e persistente gripe
Cesse.





Walerie Gondim

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Singelas, doces, puras


Eis que faço minha homenagem às mulheres-mães!

Fora do tempo que convém, porque o que convém para mim é fazer o próprio tempo.


Decidi escrever sobre as mulheres e àquelas a quem foi concedido o dom de ser mães, quando tive algumas intervenções divinas na minha inspiração...


A primeira delas, no domingo de manhã, na belíssima missa, lotada de mães, onde cada uma delas experimentava a sensação incrível de celebrar a vida dos filhos que justificavam o seu cargo de mãe - nessa missa, mais precisamente na hora da comunhão, eu estava ali, observando aquela alegria iminente e contagiante. Uma mulher em particular, me chamou muita atenção. Jovem, cabelos pretos, segurava um neném no colo. A criança dormia, serena, enquanto a mãe, recostava os lábios sobre a pequena testa da criança. A mãe estava ali, de olhos fechados, em profunda intimidade com Nosso Senhor, agradecendo a vida que tinha nas mãos, sorrindo graciosamente, com a partiularidade de um sorriso que só as mães possuem. Nunca me esquecerei dessa cena. Louvei a Deus pela Sua criação e por ter me concedido a oportunidade de ver uma "fotografia" tão linda e intensa, que ficou revelada ao meu coração.


A segunda e última dentre tantas que gostaria de dizer, é sobre esta foto.

Amigas, mulheres. Mães, em potencial.

Fico feliz de ver seus sorrisos e saber que em cada uma delas, há amor, afeto e maternidade por antecipação. Agradeço a Deus por isso.

Faço um alusão das meninas por quem tanto prezo, à mãe Maria, que vela em segredo por suas vidas e tem a puerilidade de menina-mulher. Ela que conhece as dores do mundo e ampara as filhas queridas.

Aprender com a sacralidade da sua vida e passar isso adiante, é o melhor que posso fazer da minha.

Assim seja.



"...Deitar em Teu colo

Sentir teu perfume

Teu carinho materno ganhar..."





quinta-feira, 7 de maio de 2009

Felicidade, enfim.

Com tanta correria atualmente, acabei esquecendo de falar da correria. O teatro tem me consumido, o que é muito bom, mas que também não exclui o cansaço. Estamos em cartaz com "Morra Charles Querido", uma comédia totalmente tradicional e nada convencional. Contamos com a platéia no palco, reduzindo assim o número de espectadores para 40. Alexandre (diretor e ator) disse que todo mundo deveria fazer um espetáculo assim, uma vez na vida, pelo menos. Dá menos trabalho conseguir lotar a casa, o dinheiro é razoalvemente bom e há uma conexão direta e inevitável com a platéia. Por isso, além de trabalhar com quem se gosta, a gente se diverte também com o público. São coisas que valem todo o esforço. Elenco conta com Perla Duarte, Alexandre Marinho, Walerie Gondim (eu) e Jaida Mundim, como atriz convidada.
Apesar de toda dose de alegria que recebo diariamente no ambiente bom que é o teatro, o pontos negativos ainda surgem. Pra toda entrega há uma consequencia. A minha, tem sido a não-música.
Vez ou outra, nos intervalos de uma respiração mais prolongada, me preocupo em estar "abandonando" a canção. Sinto a distância, ao não ir no ensaio de Frutos do Eterno e até mesmo não poder participar de um show, deixando de cantar o samba-nosso-de-cada-quinta, ou me planejando para voz e violão nos finais de semana. É abrir mão de uma coisa pra segurar outra.
Ainda pouco, sentada no sofá, zapeando uns canais na tv, quase que desistindo da programação sacal...me deparei com a irresistível voz e sorriso de Marisa. Um documentário sobre o álbum "Infinito ao meu redor" (por sinal, muito bom). Quantas alegrias eu tive ao ver. A narração preocupada e carinhosa, mostrando segredos da música e da sua vida como musicista, me encataram de tal forma que me senti envolvida, como parte quem sabe até da sua equipe. Pude me perceber feliz e ansiosa e, por isso, me dei conta de uma coisa: a música jamais morrerá em mim. Tive certeza de que é isso que quero para a vida. Unir trabalho e vocação é uma dádiva, e é o que dá o sentido para a vida. Terminei de ver o documentário com uma lágrima despreocupada que escorreu, um sorriso no rosto e um aperto no peito. De saudade e de vontade. Espero me olhar no espelho daqui a alguns anos e, no meio de um intervalo de uma outra respiração mais prolongada, ver uma mulher realizada, sorrindo.

Peripércias de Quarta-feira


Gosto quando os dias e as pessoas me surpreendem. O dia trata-se da quarta-feira.
Quarta-feira é o meio da semana. Não é nem mais perto do meio, nem mais perto do fim. É exatamente no meio. Pela imparcialidade, tem toda a característica de um dia neutro.
A pessoa trata-se do Belmont. Não tenho muito o que dizer sobre ele, além da própria definição que ele encontrou para si próprio: livre e inconstante.
A noite de foi de ensaios para "O Noviço", que estreia em Junho, seguido de cinema e cerveja num pé sujo.
Conversamos mais que o usual e descobrimos coisas sobre nossas personalidades e sobre o mundo. Conversas que a gente normalmente encontra em mesa de bar. Sempre gosto dessas conversas com gente que tem o que me oferecer.
Cheguei à conclusão de que sou feliz, dentre outras coisas que eu não defini, pelas pessoas que me rodeiam, pelo palco, pela música e pela minha fé.
Botar isso na mesa e brindar os descobrimentos é o melhor que podíamos fazer, tornando assim o meio da semana, um dia cheio de sentido!



Celebro a nossa descoberta com uma foto do Festival Eletrorgânico, que achei em algum lugar, e que é pura celebra-ação!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Começo do meio?

Dani Gomes e eu, na preciosa arte de divulgar...


Hoje é uma terça-feira. Minto: madrugada de quarta. Mais um dia dos muitos agitados. Na verdade, eis aí o motivo de nascimento desse blog: pouco tempo pro computador, muita coisa pra dizer. Quero encarar isso aqui como um novo marco, já queria fazer um há algum tempo e meu orkut foi hackeado e deletado. Pronto, motivos perfeitos! Aqui é onde eu vou compartilhar um pouco de mim, atualmente, sem muitas reservas. É hora de experimentar coisas novas. A começar pelo nome deste...

Começando com algumas muitas palavras, vou escrever um texto que havia preparado para postar aqui na semana passada, que era quando gostaria de iniciar o blog, mas como não consegui, por falta de tempo, aí vai ele. Have fun!


Final de semana de surpresas curiosas, no mínimo. Levamos "A Comédia dos Sexos" para Saquarema nos dias 25 e 26 de Abril. Os dias precedentes foram de divulgação e não podiam contar com melhores risos que o da Dani. Amizade bonita. Quantos personagens estranhos passaram por nossos caminhos estes dias. Como diz ela: "é o imã para a loucura". Talez seja. Que bom.
A casa encheu. Uma boa aprentação apesar da precariedade do teatro. Carência de estrutura, de assentos e de simpatia assalariada (se é que entendem...). O público foi maravilhoso. Quero voltar lá e ver a alegria de parte do elenco que ainda não conhecia a cidade e seus prazeres. Adoro Saquarema. É pisar naquelas terras e respirar diferente.
Voltamos cansados, com boas histórias para contar, algum dinheiro na mão, experiência na mala e (eu) com a voz rouca. Preciso procurar um médico...

Retomar à escrita é um jeito de exercitar a memória, manter a preguiça longe e renovar a habilidade com as palavras.
Palavras necessitam de espaço para existir. Sejam elas na boca, na folha, na tela. É meu mínimo dever concebê-las e compartilhá-las.

Tá bom. Até que eu consegui lembrar que dia é hoje...
Ou seria amanhã?