Nós percorríamos a estrada escura, que era iluminada pelos carros
que passavam com farol alto vez em quando e pelo dvd do “neguinho cheiroso”.
Ali, no banco de trás, eu via a chuva fina cair no para-brisa, ouvia “fica
dentro do meu peito sempre uma saudade” e meu coração se enchia de emoção. E
não era só porque aquela música era linda de verdade, mas porque aquele caminho
era o início de uma trajetória decisiva e bonita para nós. Enquanto o asfalto
crescia na nossa frente, eu pensava em todas as coisas (ou em todas que a minha
memória permitiu lembrar) que nos fizeram ser quem somos e que nos conduziam
até ali. Pensava que o “ali” viria cheio de novidades, pessoas de bem e
desafios. Eu ficava feliz em segredo por ter ao meu lado 4 (5, com a presença espiritual do Wallace) das pessoas que habitavam
o topo no hall dos mais especiais da minha vida e que foram responsáveis, de um
jeito natural, pela minha formação como ser humano e como cristã. E quando eu ousei
temer toda-essa-coisa nova; nesse exato momento, a minha linha de raciocínio foi
quebrada por um silêncio rápido do pause, seguida de uma oração espontânea,
importante e tranquila puxada pelo Pedro.
Começamos a agradecer e colocar nos braços
de Deus toda a nossa alegria e gratidão pela Sua sabedoria em nossas vidas. E
no meio da onda de calor que o Espírito Santo gerava, no meio daquela força
leve que pairava nas nossas cabeças, corações e bocas, eu entendi de uma vez
que aquele não era o caminho que conduzia ao nosso sonho. Era pro de Deus. E
que nós, humilde e alegremente, existíamos para realizá-lo. E por ser sua
construção um projeto divino, nada e ninguém no mundo iria nos fazer desistir.
É muito bom ganhar mais uma família em forma de selo (e música). Assumimos o
compromisso de materializar a canção: o fruto que é Dele e para Ele. Que venham
as guias, as fotos, os encartes, as viagens, a criação: a gente já arregaçou as
mangas e estamos de peito escancarado pra percorrer quantas estradas mais sejam
necessárias e contar o porquê da gente ser tão feliz.