sexta-feira, 22 de maio de 2009

EV OL UÇ ÃO

Pois é. Baqueada eu tava.
Fiquei três dias definhando em casa à base de remédio, filme, livro, mais remédio e alguma comida. Preciso me alimentar direito, me agasalhar direito e queimar gordura localizada (pança). A quinta foi a segunda-feira da minha semana e começou com mamão no café e sol de meio-dia na cabeça, fazendo divulgação no sinal. Fiz algum sucesso com meus: "Boa tarde, 'Borra Charles Querido', sextas, sábados e dobingos" e bla bla bla. Duarte e Gomes não perdem a oportunidade de uma boa zuação. Es-cro-tas como só (nós).
À tarde a visita já esperada da noiva do casamento do dia 30, Lu. Agitada e falante, me contava do acidente do noivo, dias antes, com calma e sutileza. Não parecia nervosa. Portanto me atrevi a perguntar: "Tá ansiosa?". Ela disse " não", com um certeza absurdamente tranquila. Me despertou interesse curioso aquela afirmação: ela era novidade no meu "catálogo" de noivas desesperadas. Ela não era.
Escolhemos as músicas com carinho e rapidez, ela tinha pressa. Conversamos mais um pouco, acertamos horários e valores e ela decidiu que iria já no banco retirar o dinheiro para me pagar. Me convidou para ir junto; eu fui. O caminho foi agradável, de boas risadas e conversas de pôr-do-sol. Confidenciamos com facilidade - e porque não dizer felicidade - e logo chegamos ao banco. Antes de entrarmos eu disse: "Lu, se estiver apertado ou se quiser me pagar depois, quando ver o resultado, não tem problema." - disse, quase que em tom de brincadeira. Ela entrou, sacou o dinheiro, entregou em minhas mãos e sentenciou solene: "Eu confio em você."
Meu dia poderia ter encerrado por ali. Aquela frase simples mecheu comigo. Era a confiança de uma praticamente desconhecida, sendo depositada em mim. Fiquei feliz, genuinamente feliz e deixei que um sorriso natural escapasse do meu rosto, ainda um tanto incrédulo. Despedi-me dela e passei a pensar na confiança. De como o ser humano desaprendeu essa palavra, na prática. Pensei nos pontos vermelhos no meio dos cinzas; pessoas como a Lu, que ainda a depositavam nos outros, sem exiogir tempo ou provas em troca.
Foi então que eu pensei na confiança como coisa utópica e prática, existindo num tempo de purezas e evoluções.

A evolução implica no dom de se doar. Doar implica em amar, praticar a justiça e confiar, mais uma vez, nova e diferentemente.
É hora de nos doar. Despertemos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Teoria da Constipação




Odiosa e maculada
Eis a mais intrigante pena
De nossa existência carnal:

A gripe.

Converte as convencionais narinas
Em fabulosas arquiteturas mucosas
Cheias de secretas e detestáveis
Secreções


Que vão e vem
No balanço da respiração fadigada
E perpendiculam na ponta do nariz
Até o momento em que são puxadas
Com voracidade
Para dentro do crânio esmagado.

Entre fungadas que possuem o tom
Sol-sustenido-com-sétima-diminuta

Há uma pitada de raiva e desespero
Na comunicação nasalada.
A noite chega e todos os póros do corpo
Contorcem-se.


O pé bica a quina da parede
Mas descobre-se que, mesmo assim
A intrusa ainda parasita entre as entranhas.

É hora então de chorar
Aos pés do cobertor quente
E implorar incessantemente aos céus
Que a porra da constante e persistente gripe
Cesse.





Walerie Gondim

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Singelas, doces, puras


Eis que faço minha homenagem às mulheres-mães!

Fora do tempo que convém, porque o que convém para mim é fazer o próprio tempo.


Decidi escrever sobre as mulheres e àquelas a quem foi concedido o dom de ser mães, quando tive algumas intervenções divinas na minha inspiração...


A primeira delas, no domingo de manhã, na belíssima missa, lotada de mães, onde cada uma delas experimentava a sensação incrível de celebrar a vida dos filhos que justificavam o seu cargo de mãe - nessa missa, mais precisamente na hora da comunhão, eu estava ali, observando aquela alegria iminente e contagiante. Uma mulher em particular, me chamou muita atenção. Jovem, cabelos pretos, segurava um neném no colo. A criança dormia, serena, enquanto a mãe, recostava os lábios sobre a pequena testa da criança. A mãe estava ali, de olhos fechados, em profunda intimidade com Nosso Senhor, agradecendo a vida que tinha nas mãos, sorrindo graciosamente, com a partiularidade de um sorriso que só as mães possuem. Nunca me esquecerei dessa cena. Louvei a Deus pela Sua criação e por ter me concedido a oportunidade de ver uma "fotografia" tão linda e intensa, que ficou revelada ao meu coração.


A segunda e última dentre tantas que gostaria de dizer, é sobre esta foto.

Amigas, mulheres. Mães, em potencial.

Fico feliz de ver seus sorrisos e saber que em cada uma delas, há amor, afeto e maternidade por antecipação. Agradeço a Deus por isso.

Faço um alusão das meninas por quem tanto prezo, à mãe Maria, que vela em segredo por suas vidas e tem a puerilidade de menina-mulher. Ela que conhece as dores do mundo e ampara as filhas queridas.

Aprender com a sacralidade da sua vida e passar isso adiante, é o melhor que posso fazer da minha.

Assim seja.



"...Deitar em Teu colo

Sentir teu perfume

Teu carinho materno ganhar..."





quinta-feira, 7 de maio de 2009

Felicidade, enfim.

Com tanta correria atualmente, acabei esquecendo de falar da correria. O teatro tem me consumido, o que é muito bom, mas que também não exclui o cansaço. Estamos em cartaz com "Morra Charles Querido", uma comédia totalmente tradicional e nada convencional. Contamos com a platéia no palco, reduzindo assim o número de espectadores para 40. Alexandre (diretor e ator) disse que todo mundo deveria fazer um espetáculo assim, uma vez na vida, pelo menos. Dá menos trabalho conseguir lotar a casa, o dinheiro é razoalvemente bom e há uma conexão direta e inevitável com a platéia. Por isso, além de trabalhar com quem se gosta, a gente se diverte também com o público. São coisas que valem todo o esforço. Elenco conta com Perla Duarte, Alexandre Marinho, Walerie Gondim (eu) e Jaida Mundim, como atriz convidada.
Apesar de toda dose de alegria que recebo diariamente no ambiente bom que é o teatro, o pontos negativos ainda surgem. Pra toda entrega há uma consequencia. A minha, tem sido a não-música.
Vez ou outra, nos intervalos de uma respiração mais prolongada, me preocupo em estar "abandonando" a canção. Sinto a distância, ao não ir no ensaio de Frutos do Eterno e até mesmo não poder participar de um show, deixando de cantar o samba-nosso-de-cada-quinta, ou me planejando para voz e violão nos finais de semana. É abrir mão de uma coisa pra segurar outra.
Ainda pouco, sentada no sofá, zapeando uns canais na tv, quase que desistindo da programação sacal...me deparei com a irresistível voz e sorriso de Marisa. Um documentário sobre o álbum "Infinito ao meu redor" (por sinal, muito bom). Quantas alegrias eu tive ao ver. A narração preocupada e carinhosa, mostrando segredos da música e da sua vida como musicista, me encataram de tal forma que me senti envolvida, como parte quem sabe até da sua equipe. Pude me perceber feliz e ansiosa e, por isso, me dei conta de uma coisa: a música jamais morrerá em mim. Tive certeza de que é isso que quero para a vida. Unir trabalho e vocação é uma dádiva, e é o que dá o sentido para a vida. Terminei de ver o documentário com uma lágrima despreocupada que escorreu, um sorriso no rosto e um aperto no peito. De saudade e de vontade. Espero me olhar no espelho daqui a alguns anos e, no meio de um intervalo de uma outra respiração mais prolongada, ver uma mulher realizada, sorrindo.

Peripércias de Quarta-feira


Gosto quando os dias e as pessoas me surpreendem. O dia trata-se da quarta-feira.
Quarta-feira é o meio da semana. Não é nem mais perto do meio, nem mais perto do fim. É exatamente no meio. Pela imparcialidade, tem toda a característica de um dia neutro.
A pessoa trata-se do Belmont. Não tenho muito o que dizer sobre ele, além da própria definição que ele encontrou para si próprio: livre e inconstante.
A noite de foi de ensaios para "O Noviço", que estreia em Junho, seguido de cinema e cerveja num pé sujo.
Conversamos mais que o usual e descobrimos coisas sobre nossas personalidades e sobre o mundo. Conversas que a gente normalmente encontra em mesa de bar. Sempre gosto dessas conversas com gente que tem o que me oferecer.
Cheguei à conclusão de que sou feliz, dentre outras coisas que eu não defini, pelas pessoas que me rodeiam, pelo palco, pela música e pela minha fé.
Botar isso na mesa e brindar os descobrimentos é o melhor que podíamos fazer, tornando assim o meio da semana, um dia cheio de sentido!



Celebro a nossa descoberta com uma foto do Festival Eletrorgânico, que achei em algum lugar, e que é pura celebra-ação!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Começo do meio?

Dani Gomes e eu, na preciosa arte de divulgar...


Hoje é uma terça-feira. Minto: madrugada de quarta. Mais um dia dos muitos agitados. Na verdade, eis aí o motivo de nascimento desse blog: pouco tempo pro computador, muita coisa pra dizer. Quero encarar isso aqui como um novo marco, já queria fazer um há algum tempo e meu orkut foi hackeado e deletado. Pronto, motivos perfeitos! Aqui é onde eu vou compartilhar um pouco de mim, atualmente, sem muitas reservas. É hora de experimentar coisas novas. A começar pelo nome deste...

Começando com algumas muitas palavras, vou escrever um texto que havia preparado para postar aqui na semana passada, que era quando gostaria de iniciar o blog, mas como não consegui, por falta de tempo, aí vai ele. Have fun!


Final de semana de surpresas curiosas, no mínimo. Levamos "A Comédia dos Sexos" para Saquarema nos dias 25 e 26 de Abril. Os dias precedentes foram de divulgação e não podiam contar com melhores risos que o da Dani. Amizade bonita. Quantos personagens estranhos passaram por nossos caminhos estes dias. Como diz ela: "é o imã para a loucura". Talez seja. Que bom.
A casa encheu. Uma boa aprentação apesar da precariedade do teatro. Carência de estrutura, de assentos e de simpatia assalariada (se é que entendem...). O público foi maravilhoso. Quero voltar lá e ver a alegria de parte do elenco que ainda não conhecia a cidade e seus prazeres. Adoro Saquarema. É pisar naquelas terras e respirar diferente.
Voltamos cansados, com boas histórias para contar, algum dinheiro na mão, experiência na mala e (eu) com a voz rouca. Preciso procurar um médico...

Retomar à escrita é um jeito de exercitar a memória, manter a preguiça longe e renovar a habilidade com as palavras.
Palavras necessitam de espaço para existir. Sejam elas na boca, na folha, na tela. É meu mínimo dever concebê-las e compartilhá-las.

Tá bom. Até que eu consegui lembrar que dia é hoje...
Ou seria amanhã?